domingo, 7 de setembro de 2008

Noite!

Seguem-se rumos perdidos. Um som morto parece percorrer as ruas e faz renascer uma ansiedade incontida. Vozes pairam pelos cantos, vozes taciturnas, desencontradas, indecifráveis... meu ser vacila em combate com o vento e...algo mais.
Passos pesados, marcas no chão...talvez estejam à procura de um novo caminho. Cantos indefinidos, palavras sem nexo. Olhos parados na noite dura e cruel. Soam no ar, entre a dor e alegria, pedaços, míseras migalhas do que foi amor, do que foi ódio; restos que o dia deixou, restos que partem com o vento para um lugar inacessível, imcompreensível. "Minha alma", à procura do descanso, percorre lugares vazios, onde a matéria não está presente, nada se enxerga - tudo se percebe - anjos ou duendes que fazem sorrir ou chorar.
Volta-se à terra então e, o que existe são corpos tranquilos aparentemente...mas só corpos - a alma distante. Sou algo mais no meio deles, uma partícula do cosmos, um par de olhos que vê, um cérebro que exprime e uma mão que escreve...quando o dia chegar. Mas a noite ainda não acabou. E em nossas mentes o medo é presente. Nossa alma ainda percorre rumos inalcansáveis. Vozes indefinidas continuam a pairar pela terra. Nossos olhos permanecem fechados, o corpo estático não consegue movimentar-se. Quando a noite acabar, as marcas deixadas por ela sairão nas páginas dos jornais e, então, com a força do sol, eu terei o uso da palavra. Por enquanto, somente o espelho da noite reflete-se através de nossas angústias, medos e pesadelos. A noite que mora dentro de nós, se expressa somente quando é noite lá fora, pois é neste momento que as verdades inconscientes mostram-se e saem de nós, tornando-se mais um passante da escuridão. Gritos abafados retumbam no ar...amanhã só restará o reflexo deles, um reflexo apagado pelos fortes raios de sol.
a

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