segunda-feira, 29 de junho de 2020

Pensei saber...

Pensei saber do amor,
como sei de geopolítica,
da máfia e do antídoto da fome.

Pensei saber do amor,
como aprendi o cálculo algébrico,
e a solução de todos os enígmas espaciais.

Pensei saber de ti,
como sei de minha história.
Pensei saber de nós,
como sei do mundo.

Mas depois que te conheci,
preciso dizer-te,
urgentemente:
que não aprendi nada,
a vida inteira!
a

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Dia dos Namorados


Quem não tem namorado é alguém 
que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil por que namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, de saliva,
lágrimas, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa,
envolvimento, até paixão é fácil .
Mas namorado é mesmo difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito,
mas ser aquele a quem quer se proteger
e quando se chega ao lado dele a gente treme,
sua frio e quase desmaia, pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda,
decidida ou bandoleira, basta um olhar de
compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor,
é quem não sabe o gosto de namorar.
Se você tem três pretendentes , dois paqueras,
um envolvimento e dois amantes,
mesmo assim pode não ter um namorado...
Se você não tem namorado é porque
ainda não enlouqueceu aquele
pouquinho necessário a fazer a vida
parar e de repente começar a fazer sentido.
(Carlos Drumond de Andrade)

Obrigada Drumond! Sempre peço sua ajuda quando estou desmotivada, como agora. Acho o texto acima adequado à data - pois entendo que não devemos ser "namorados por um dia apenas".

O ameaçado.

É o amor. Terei de me esconder ou fugir.
Crescem as paredes de seu cárcere,
como em um sonho atroz.

A bela máscara mudou,
mas como sempre é a única.
De que me servirão meus talismãs:
o exercício das letras, a vaga erudição,
o aprendizado das palavras que usou
o vago norte para cantar seus mares e suas espadas,
a serena amizade, as galerias da biblioteca,
as coisas comuns, os hábitos,
o jovem amor de minha mãe,
a sombra militar de meus mortos,
a noite intemporal, o gosto do sonho?

Estar ou não é a medida do meu tempo.
O cântaro já se quebra sobre a fonte,
já se levanta o homem à voz da ave,
já escureceram os que olham pelas janelas,
mas a sombra não trouxe a paz.

É, eu sei, é o amor:
a ansiedade e o alívio de ouvir tua voz,
espera e a memória, o horror de viver o sucessivo.
É o amor com suas mitologias,
com suas pequenas magias inúteis.
Há uma esquina pela qual não me atrevo a passar.
Agora os exércitos me cercam, as hordas.
(este quarto é irreal; ela não o viu.)

O nome de uma mulher me delata.
Dói-me uma mulher por todo o corpo.


Poema de Jorge Luis Borges (Adequado ao " Dia dos Namorados")

sábado, 24 de setembro de 2011

Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

 Carlos Drummond de Andrade foi um poeta brasileiro (1902 - 1987), também cronista, contista e tradutor. Entre suas obras de maior destaque, Alguma poesia, Sentimento do mundo e A rosa do povo.




Estou postando esta poesia em homenagem a minha mãe, que partiu há um ano deixando-nos um grande vazio e uma saudade sem fim.




quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Da luta...que vencerei!

Chegastes sorrateiro,
me atacastes sem aviso,
sem ética nem compaixão...
mas não me enganas não.
Não és tão poderoso assim,
não podes me dominar,
nem derrubar-me sem luta.
Sou forte e
nunca morri de susto.
Aviso-te que lutarei,
com honra e de igual para igual,
mas ao contrário de ti,
te avisarei do ataque e
comunico-te que vencerei!



Em agosto de 2011, tive diagnóstico de câncer de mama. Este foi meu desabafo naquele momento. Deixo de contribuição, a todos que passam ou passarão por momento semelhante, para que saibam: a vitória, dependerá de como você se posiciona diante do obstáculo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Para você, meu amor...

Quisera esta noite tê-lo ao meu lado,
que beijassem minha boca
teus lábios de sal,
ter em meus braços teu infinito corpo,
e que a sede de meu corpo
se apagasse em teu mar.

Quisera ter a magia infinita do teu corpo,
talhado por minha tempestade,
que voltassem a minha praia
todos os teus beijos,
e minhas costas amantes
não os deixassem partir.

Quisera as duas luas
que teus olhos me oferecem,
e toda a oceania de teus sorrisos,
que recolha minha areia
a espuma de tua pele,
e que tua pele, minha areia
leve até teu mar.

Quisera, simplesmente
crer que é realidade,
que você está presente,
acompanhando minha saudade.
Minha saudade de rio,
que nunca...
verá o mar.
a

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Querendo esquecer-te.

Caminhei muito,
pensando em perder-te no caminho.
Tomei banho de alecrim,
para limpar a aura.
Comprei um galho de azevim,
para manter a calma.
Bebi energético,
pensando que o excesso de glicose,
te expulsaria das minhas veias,
mas não,
percebi que te abrigastes em minh'alma.
Andei pelas gondolas do supermercado,
lendo rótulos e informações incoerentes
ou irrelevantes,
para limpar a mente,
mas não,
a imagem continuava lá - irretocável.
Fiquei horas a fio a olhar o rio,
acompanhando o movimento
de uma partícula e,
quando menos eu queria
lá estava teu rosto...
Por fim, desisti!
Vou tomar um vinho,
e pedir aos Deuses,
que me façam esquecer de ti!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sobre meu nascimento e minha morte...

Não sei quando nasci,
nem o pressinto,
e nada pode assegurar-me,
quando se concretizou
meu nascimento.
Cada dia é nascer um pouco,
e outro pouco morrer,
é cada dia; quando partimos
ou quando voltamos,
nascemos e morremos,
que ironia!
Nascemos ao termos novas vivências,
morremos ao sofrer uma injustiça,
e crescemos às custas da inclemência,
do sofrer a cada dia com as notícias.
Nada pode dizer-me quando nasci,
se com o primeiro pranto,
ou com o primeiro golpe;
nasci ao sair do ventre de minha mãe,
e nasci ao me sentir mulher;
porém, tenho mil mortes;
que vivo a cada dia,
ao ver a injustiça em tantas coisas.
Enfim, quem sabe,
meu nascimento e minha lápide,
sejam a mesma coisa...
a

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Certo serias o meu amor!

Não sei o por quê,
mas sou assim:
gosto de ouvir o cantarolar,
em voz sonora, da clara fonte,
gosto de olhar o tremeluz,
das mil estrelas;
gosto da brisa com seu murmúrio,
pelo arvoredo sempre a brincar,
de esconde-esconde,
gosto da lua, canto pra ela
versos tão ternos,
cheios de amor....
Serão de amor os versos meus?...
Ah, se eu pudesse,
pudesse amar...
certo serias o meu amor!
E eu te diria coisas bonitas,
procuraria ver nos teus olhos,
a cor dos meus.
Por tuas mãos conheceria
o que é carinho,
o que é calor,
e dos teus lábios,
recolheria toda a ventura
de ser feliz...
O sonho é livre...
Que bom seria não despertar...
Tudo eu daria,
como eu queria poder amar e,
se eu amasse,
certo serias o meu amor!
a

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cansei de amor de brinquedo!

"Cansei de amor de brinquedo,
eu quero amor de verdade!
Quero sentir que a saudade,
está judiando de mim,
não quero dizer amor,
com o coração sossegado,
de andar sorrindo sozinha,
até que falem de mim,
-talvez, me chamem de louca,
esta loucura, eu desejo!
Cansei de amor de brinquedo,
eu quero amor de verdade!"

Poema de meu saudoso profe de Literatura, santa-mariense Dr. Prado Veppo.
Apropriado ao momento.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Preciso fugir de você.

Como poderia explicar que ao ficar
a teu lado fico sem jeito!
Que meu coração pulsa em outro ritmo,
e que meu olhos fogem dos teus,
para que não vejas o efeito que me causas!
Não sei o que vem de você,
mas o que quer que seja,
não estou conseguindo entender.
Quero ter coragem pra te dizer,
que me perturbas mais do que eu gostaria.
Nunca o fiz e sei que não posso,
não consigo e não devo te tocar.
Preciso fugir de ti para não sofrer,
pois não posso mais errar de amor:
Não teria forças para levantar mais uma vez!
Corro por aí buscando de te encontrar
pra olhar em seus olhos e ver que não é assim
como estou a imaginar.
Mas quando te encontro,
não vejo o que queria ver
e só sinto nos braços a vontade de te envolver.
Meus sonhos desmoronam,
porque não posso ter você
Agora vou embora, antes do dia amanhecer.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tu me olhas, tu me encantas!

Tu me olhas, tu me encantas;
não és um, não és dois;
tu és muitos e és o único
que eu encontro pelos sonhos...

Teu olhar tem correntezas
e eu queria ser vidente,
mergulhar nesta corrente
e apagar as incertezas.

Tenho sempre a impressão:
que teus lábios tem vontade,
que teus olhos, a ansiedade
de carinhos e emoção.

Mas tenho também ressábios
de que toda esta expressão
que se estampa nos teus lábios
seja só por atenção.

Tu me olhas, tu me encantas;
não és um, não és dois;
tu és muitos e és o único
que eu encontro pelos sonhos...

Nos meus planos te acrescento
embora saiba muito bem
que as melhores horas vêm
no improviso dos momentos.

E como sempre acontece
te espero, com o sonho pronto
e, antes que vivê-lo pudesse,
como queria, não te encontro!

Até que um dia de repente
a surpresa nos surpreenda
nestes furos de agenda
numa noite de amor quente.

Mas se o noite nos revela
em meio a sombra escura,
que a alma é doce e pura
e o amor não tem cancela.

Capaz é o sol, em pleno dia,
pelos gestos reprimidos,
de esconder na hipocrisia
bons momentos bem vividos!

Tu me olhas, tu me encantas;
não és um, não és dois;
tu és muitos e és o único
que eu encontro pelos sonhos...
a

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Será você o meu amor?

Considero-me em busca,
procuro alguma alegria,
paz, entendimento...
Procuro alguém,
que corresponda a meus desejos,
conhecidos e ocultos,
evidentes ou efervescentes...
que satisfaça minha sede,
de amor, de dignidade,
e que vivamos dedicados,
a este sentimento.
Procuro alguém,
que seja grande em gestos e atitudes,
que seja nobre, franco, inteligente,
com quem eu possa compartilhar,
vários momentos.
Que saiba entregar-se sem ressalvas e,
receber da mesma forma...
Que corresponda, aos mais
secretos anseios de meu coração,
e que eu sintonize também com
seus desejos...
Sei que estás perto de mim,
e quando falo "perto",
não refiro-me à distância,
e sim à almas, que se encontram...
Sinto que, nossas almas,
já comungam juntas,
divagam por noites enluaradas,
em sonhos latentes,
e nos mais loucos devaneios...
Nosso encontro é próximo,
é premente, e
quando encontrá-lo,
jamais permitirei,
que te afastes de mim,
meu querido e esperado amor!
Será você o meu amor?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Hoje é mais um dia esquecido...


Hoje é mais um dia esquecido,
em que meu corpo saudoso do teu,
relembrou meu querido amor de além mar,
que:
já não me consolas,
implorando beijos e carícias...
Queria tê-lo, me aguardando agora,
quando estou a chegar,
pronto para minhas investidas,
loucas, insanas ou suaves,
com meus lábios sedentos de ti,
como sempre foram...
Mas não, não queres mais
minhas carícias passeando
por tua pele!
Até em meus poemas,
tu recusas...
Sonho,
com a possibilidade de,
como antes, como sempre,
como quando sentia e,
ouvia teus sussurros...

Mas não, me negas o direito de materializar,
meus desejos que brotam dos poemas de amor...
que te dedico...
E do amor, meu querido amor de além mar...
nem sinto o sabor de teu beijo,
do teu toque nem de tuas carícias loucas...
Quando as lembro,
até os sussurros do vento me fazem vibrar,
até aqueles tremores em ondas,
quando chegavas em sussurros,
trazendo na voz o murmúrio do mar!
Sei que a brisa que trazias nas mãos e
acarinhava minha pele,
aquela leve brisa,
ficou apenas em poesia...
Na poesia nua,
onde eu descrevia minha vida,
por linhas e o louco amor que te dedico,
em desalinho!
Mas naqueles momentos,
meu querido amor de além mar,
ali eu tinha o tão sonhado amor...
E eu sorria, amava...
Amava sim, como dizes,
para o amor e desejo,
não existe razão,
e agora sei que nenhuma das teorias físicas
ou matemáticas, que aprendi a vida toda,
de nada, amor, de nada servem,
ou consolam com alguma explicação
do inexplicável, do inatingível...
E onde, em tudo havia um toque de vida,
havia esperança, havia sabor e
a expectativa do novo encontro,
de quais seriam as carícias,
loucas que trocaríamos...
E eu amava-te...
Hoje minhas poesias,
encontram-se sem cor,
quando antes eram nuas e vivas...
Partiram-se,
hoje são nuvens opacas...
ou quem sabe foram vãs e jamais existiram,
ou existiram só na minha imaginação,
partiram assim, em ondas de espumas...
Daquelas que vem e não voltam,
esvaem-se como cinzas no espaço!
Por que querer outro amor, coração?
Outro amor não...
Hoje eu sou gris...
não por um simples protesto,
mas em preparo para novo regresso,
talvez em blue!
Assim... em gris...
Ficarei algum tempo,
sem desejos de entregas,
pois já não me queres,
se é que algum dia o quis...
Não amarei agora,
esqueça-me coração insano...
Nada esperes de mim...
Minha alma foi sugada e está vazia,
não vive sem amor, sem norte...
coração sem alma enamorada...
Tudo hoje é gris...
nada é blue!
Uma sem futuro, incógnita e
sem nada a preencher,
num rubro coração inerte, sem nada!
Apenas o vazio,
de um coração desamado, sozinho!
Num hoje "gris" sem dor,
buscando o amor, um futuro...
Talvez em blue...
(chega, vou deitar-me,
na imensa cama vazia que me espera,
onde deveria estar você meu amor de além mar,
então esta poesia, não seria triste e sim;
escrita em teu corpo com tinta de beijos...
de amor)!!!

sábado, 9 de outubro de 2010

Sobre tua partida, minha mamita!

Mãe, partiste em silêncio!
Não pude te contar tantas coisas, 
mas sei que estás feliz agora - livre da dor,
junto do teu amor da vida inteira;
(houve festa no céu em 24/09/2010,
tenho a certeza,
para comemorar os 57 anos de casamento de vocês).
Não estávamos lá para abençoá-los,
como na festa de 50 anos- mas daqui,
cada um de nós - teus filhos,
nos momentos de lucidez em meio a dor da despedida,
sabia que escolhestes ir ao encontro de quem tinha partido 
e te deixado muita saudade. 
Sejam felizes como sempre e cuidem de nós, 
nos amparem quando a saudade nos entristecer, 
embalem nosso sono - como quando éramos crianças,
e iluminem nossos sonhos
(para o sono seja sempre nosso melhor conselheiro)
e até o dia em que chegará a hora do reencontro.
Tenha certeza que aqui, só deixastes amor e saudade,
além do exemplo de vida teu e do pai!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Paciência



Mesmo quando tudo pede

Um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede

Um pouco mais de alma

A vida não para...



Enquanto o tempo

Acelera e pede pressa

Eu me recuso faço hora

Vou na valsa

A vida é tão rara...


Enquanto todo mundo

Espera a cura do mal

E a loucura finge

Que isso tudo é normal

Eu finjo ter paciência...




O mundo vai girando

Cada vez mais veloz

A gente espera do mundo

E o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência...


Será que é tempo

Que lhe falta para perceber?

Será que temos esse tempo

Para perder?

E quem quer saber?

A vida é tão rara

Tão rara...


Mesmo quando tudo pede

Um pouco mais de calma

Mesmo quando o corpo pede

Um pouco mais de alma

Eu sei, a vida não para


A vida não para não...

Será que é tempo

Que lhe falta para perceber?

Será que temos esse tempo

Para perder?

E quem quer saber?

A vida é tão rara

Tão rara...


Mesmo quando tudo pede

Um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede

Um pouco mais de alma

Eu sei, a vida é tão rara


A vida é tão rara...

A vida é tão rara...
 
 
Lenine - Para um momento em que preciso de muiiita paciência!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Saudade de nós!

Já perdi a noção do tempo,
deste que partistes
fugindo de mim e,
e apenas relembro dos versos doídos:
"Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua."
Já perdi a noção do tempo,
e nem sei como é a lua,
desde que partistes,
fugindo de mim.

Já perdi a noção de tempo,
já nem sei escrever e,
meus olhos cansados,
perderam a luz,
que colhiam dos teus.

Já perdi a noção do tempo,
já não sei de carícias,
já não sei de você e,
minhas mãos agora vazias,
perderam a memória
do toque ansioso
quando perto de ti.

"Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua."
E que a dor e o silêncio,
são tudo o que tenho,
nas noites silentes e
ausentes de ti.

Não posso deixar,
de dizer-te o vazio,
que deixastes aqui.
Não posso deixar,
de dizer-te do frio,
assim longe de ti.

domingo, 14 de março de 2010

Amem ou não: mas que seja assim como eu sou!

Por favor,não me digam:
- por qual caminho devo seguir;
- em qual esquina devo parar;
- a quem eu devo amar, para ser feliz;
- o que eu devo estudar, para ser próspera;
- que profissão escolher, para ter "futuro";
- que comportamento devo ter, em cada ocasião:
pois sou o que sou e não "o que querem"!

Sou assim!
Amanhã, pensarei no caminho a seguir;
- em qual esquina devo parar;
- a quem devo amar, se eu o encontrar;
- o que estudar, e se devo estudar;
- onde trabalhar e, como me comportar.

Por favor, não me peguem pelo braço,
tentando me conduzir!
Eu não gosto, que me conduzam.
Esta atitude, não me favorece em nada,
pelo contrário, me deixa perdida,
só e sem amor...

Porque me querem assim?
Fútil,comum e tributável?
Será que isto é realmente,
necessário para ser feliz?

Por favor, deixem eu construir meu rumo,
com meus passos!
E, se realmente, querem me ajudar:
me amem ou não, mas que seja assim como sou;
pois é assim que eu sou feliz!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Só assim, saberias do meu amor!

Se eu escrevesse dias e noites, sem parar, 
não conseguiria dizer-te, do meu amor! 
Se eu escrevesse em todas as línguas, 
ainda assim, 
não conseguiria dizer-te, do meu amor! 
Mas se por um momento, 
apenas por um momento, 
te entregasses a mim como desejo, 
todas as palavras e versos seriam desnecessários, 
e então, saberias do meu amor!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Tempo em Fatias.

" Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez... com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.

Para você, desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar. Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida. Gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente para repassar o que realmente desejo a você.

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, rumo à sua felicidade! "

Tenho estado tão atribulada pelos caminhos da vida, que resolvi, mais uma vez, pedir uma ajuda à Carlos Drummond de Andrade, para retomar meus "escritos" em 2010. Não sei se é cansaço, preguiça ou falta de vontade mesmo, mas sei que devo emergir mais uma vez, do fundo de mim mesma!

domingo, 9 de agosto de 2009

Para meu Pai!

Como eu queria
ligar-te hoje,
para desejar-te:
um Feliz Dia dos Pais!
Fazem cinco anos,
que esta data para mim,
perdeu o sentido e,
penso em quantas vezes,
não disse o quanto te amava,
o quanto te admirava,
o quanto eras importante para mim!
Penso,
em quanto tempo levei,
para aceitar
tua ausência...
Para assimilar
que já não era a criança,
que corria para teu abraço quando:
- "as coisas davam errado";
- quando sentia solidão;
- quando perdia o chão...
E, na tua simplicidade,
entendias tudo isso,
sem que nenhuma palavra fosse dita!
Fostes um sábio,
quando no silêncio, muitas vezes,
me dava o melhor conselho!
Foste o Pai,
no sentido mais pleno,
que alguém poderia ter!
Senti o momento da tua partida,
mesmo estando longe,
mas não a aceitei...
Não derramei uma lágrima,
na despedida derradeira;
pois se eu chorasse,
estaria admitindo a perda...
e eu não queria nenhuma despedida!
Revoltei-me!
Queria-te eterno,
afinal, eras meu Pai!
Queria ter vivido mais tempo,
contando com tua presença,
com teu alento,
com a palavra silenciosa,
que respeitava a dor,
com teu jeito puro,
que amava muito,
sem pedir em troca!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nossos Velhos.

Pais heróis e mães heroínas do lar. Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos.Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada.
O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra? Envelheceram.... Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso.Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam.Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu.
Estão com manchas na pele.
Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.
Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados e alguns chegam a gritar se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história que contam como se acabassem de tê-la vivido.
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi.
Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.
Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegrias.Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós? Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febres!!
E nós ficamos irritados quando eles esquecem de tomar seus remédios, e ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros...
Ainda mais quando os outros são nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar e sabíamos que estariam com seus braços abertos, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
Façamos por eles hoje o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã quando eles já não estiverem mais aqui conosco possamos lembrar deles com carinho, de seus sorrisos de alegria e não das lágrimas de tristeza que eles tenham derramado por nossa causa.
Afinal, nossos heróis de ontem...serão nossos heróis eternamente ...

Este texto é de Martha Medeiros, e considero uma bela homenagem ao "Dia dos Pais", pois sabemos que temos muitas mães (que acumulam os papéis - são Pães). Com meu abraço aos homens e mulheres que cumprem com seu papel em todos os dias do ano e não somente no "Dia dos Pais e das Mães".

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sinto vergonha de mim!

Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".


O poema de Rui Barbosa, acima transcrito, é de uma impressionante atualidade.
Poderia ter sido escrito hoje sem mudar uma palavra...


terça-feira, 14 de julho de 2009

Sinto-te, aqui!

Quando venho aqui,
sinto tua presença...
sinto meus delírios,
misturando-se aos teus!
Percebo, que buscas,
as sílabas quentes,
de paixão,
de amor,
de saudade,
de vontade,
de nós dois...
Sinto-te, aqui!
Percebo teu movimento,
quando viras estas páginas,
em busca do calor,
da paixão,
do amor,
da saudade,
da vontade,
de nós dois...
Apenas sinto-te,
aqui, meu amado!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Será que Lula tem, realmente, 70% de aprovação?

Caros frequentadores de meu blog,

Sempre questionei-me sobre resultados de pesquisas, principalmente quando referem-se a assuntos políticos. Nós, do Rio Grande do Sul, sabemos muito bem, que elegemos um Governador só pelo fato, de em uma semana, ele dobrar seu índice de aprovação "na pesquisa" (pois este resultado, questionável, só ocorreu em um Instituto).
Por gentileza, responda:
- alguma vez você foi questionado, em alguma pesquisa, sobre a popularidade do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ?
- se ele faz um bom ou mau governo ?
- se concordamos com sua política assistencialista?
- se concordamos com sua política econômica, que favorece somente aos Bancos e aos grandes empresários?
Bem, eu não fui ! E você, também não acha estranho, que o resultado de tais pesquisas, apontem seu Governo com uma aprovação superior à 70% ? Pois bem, tem mais gente além de mim, com certeza, que duvida desses números. Tanto que, o jornal "O Estadão" lançou uma enquete para comprovar se o que foi divulgado pelos Institutos de Pesquisa têm ou não razão.
Então, faça a sua parte, VOTE e divulgue:
Venho aqui, para explicar que esta postagem não tem nenhuma finalidade política - não faço política partidária - de minha parte e sim científico (afinal, sou matemática). Já fui questionada por todas as frentes do PT (ou quase todas, pois já não sei quantas têm) e, na realidade não foi com esta intenção. Mas também, se pensarem que foi "não estou nem aí"; não sou deste mundo e ainda não dependo de nenhum Partido Político para nada, pois tenho ideologia própria. Até porque, se eu for pensar em termos partidários, jamais vou entender o que se passa nos últimos anos, neste País. As coligações para eleger este ou aquele candidato, não têm coerência alguma. E, outra coisa, Lula há muito representa ele próprio e não este ou aquele partido político. A única polêmica que existe em minha postagem, deveria incomodar aos Institutos de Pesquisa, que usam não sei qual metodologia. Eu vejo, como uma metodologia de formar a opinião conveniente e tendenciosa como a maior parte da mídia do País, quando o assunto é política. E, tenho dito!
aa

sábado, 13 de junho de 2009

O amor é Matemático!

Sentada na escuridão,
apenas assisto:
minha roupa suja,
desfila na avenida,
no vendaval de abril.
Os fatos se sucedem,
é a roda da vida:
lembro do amor,
que nasceu do olhar,
do desejo de tocar,
do sentir a poesia,
da troca de versos,
incandescentes,
ardentes,
nem tanto simétricos...
Mas como sempre,
tentavas convencer-me,
que o amor, não sofria
a influência reta e
métrica da minha Matemática!
Muitas vezes,
vencemos as milhas que nos separam e,
juntos bebemos na mesma taça...
Sei que,
não foi o encontro da matéria,
mas real pelo sabor do beijo,
do toque,...
Prova-me isto,
que a Metafísica em muito,
supera a Matemática,
mas o amor é Matemático!
Pena meu amado,
que sabias tanto matemática,
quanto eu e,
os poemas ardentes,
perderam-se na profunda e abissal,
escuridão do teu olhar...

domingo, 24 de maio de 2009

De novo, a inteligência!

Quem é mais inteligente?

Estudos mostram que as mulheres têm capacidade intelectual maior do que a dos homens. Saiba quais são as habilidades delas e as deles

Durante décadas, o raciocínio lógico, medido pelos testes de QI, era a grande prova de inteligência. Neles, os homens sempre se saíram melhor do que as mulheres. Eles têm em média cinco pontos a mais no QI e na faixa dos 155 pontos - a dos gênios - há 5,5 representantes do sexo masculino para cada um do feminino.
Nos últimos anos, quando o conceito de inteligência começou a mudar e outras características como interação social, percepção do outro e capacidade de questionamento e argumentação passaram a ser valorizadas na sociedade, um novo olhar foi lançado sobre as aptidões e as habilidades femininas. Mas a dúvida persiste: quem é mais inteligente, o homem ou a mulher?
Uma pesquisa do professor José Abrantes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que será publicada em livro em julho, conseguiu mensurar o desempenho de homens e mulheres nos 12 tipos de inteligência propostos por Howard Gardner, da Universidade de Boston, nos Estados Unidos (leia quadro à pág. 74), psicólogo que revolucionou esta área de estudo.
Depois de analisar 137 mil notas de 22 mil alunos do Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam), no Rio de Janeiro, ele concluiu: as mulheres são superiores em nove das 12 possibilidades de inteligência e, de acordo com a metodologia de sua pesquisa, 3% mais inteligentes porque obtiveram notas 3% superiores às dos homens. Outras constatações:
Entre as mulheres, há menor variação entre a maior e a menor nota. Isso acontece porque elas têm interesse em assuntos variados. O grupo feminino se destaca em física e química experimental. O masculino é melhor em física e química teórica, o que confirma nelas a visão periférica superior e a habilidade manual.
Em anatomia, os homens apresentaram médias mais altas, o que pode ser explicado pela melhor visão espacial deles. Nas disciplinas dança educacional e ginástica, que estão relacionadas à expressão corporal, as mulheres foram superiores. Os homens se sobressaem na destreza da articulação dos movimentos para atingir um objetivo, como é necessário no futebol, além da força física.
Na matemática, elas têm mais facilidade para aplicar fórmulas em cálculos, mas eles dominam o raciocínio, ou seja, têm melhor compreensão do processo lógico. Para verificar o nível de inteligência dos alunos através das notas, Abrantes relacionou cada disciplina às 12 possibilidades propostas por Gardner.
As matérias de humanas, por exemplo, são associadas às inteligências linguísticas e pessoais; as de exatas, às habilidades lógico-matemática e espacial; os cursos das áreas de artes são distribuídos pelas inteligências musicais, pictóricas e cinestésicas - esta última para os cursos de educação física e dança. O cruzamento de dados considerou um número proporcional de homens e mulheres para cada curso analisado.
Um outro estudo realizado pela bióloga Marta Relvas, da Sociedade Brasileira de Neurociência, com 40 alunos do ensino fundamental, comprova as habilidades múltiplas do sexo feminino. O resultado foi publicado no livro Neurociência e educação. Potencialidades dos gêneros humanos na sala de aula, lançado em março. A pesquisa revela que elas se sobressaem em testes de percepção, memória e coordenação motora, enquanto eles se dão melhor na relação com objetos tridimensionais, pontaria e no raciocínio matemático.
Isadora Labrada, 17 anos, e Sílvio Barbosa, 16, estudantes do terceiro ano do ensino médio, são exemplos das diferentes habilidades entre homens e mulheres. Ela se destaca pela organização e bom desempenho em todas as matérias. Ele, pelas notas em química, física e matemática. "Sempre tive responsabilidade com os estudos e me interesso por assuntos variados", afirma Isadora, uma das melhores do Colégio Santa Maria, de São Paulo, que após as aulas ainda estuda flauta.
Aluno de outra escola paulista, o Colégio Santo Américo, Sílvio coleciona medalhas em olimpíadas de ciências naturais. "Não gosto das humanas porque não é possível prever os resultados", afirma. "Nas exatas, o raciocínio é lógico."
Para o professor Abrantes, a explicação é socioantropológica e remonta aos tempos das cavernas. "As mulheres eram obrigadas a desenvolver inteligências mais humanas", afirma. "Enquanto eles saíam para caçar, elas cuidavam dos filhos, da comida e conversavam entre si, desenvolvendo a linguagem." Estudo da Universidade de Londres, publicado no ano passado, confirma que as mulheres são superiores no uso da inteligência emocional e da comunicação. Elas apresentam um vocabulário mais amplo desde os primeiros anos de vida e utilizam construções linguísticas mais complexas. "As mulheres são melhores em tarefas múltiplas", afirma o neurologista Roger Gorski, autor do estudo.
A multiplicidade de interesses aproxima as mulheres da mais antiga fonte de conhecimento: a filosofia. Refletir sobre o mundo e o homem, ter curiosidade de compreender e questionar os valores sempre fizeram parte do universo de Tessa Lacerda, 34 anos, professora de filosofia moderna da Universidade de São Paulo (USP), amante da literatura e artes plásticas desde muito jovem.
No colégio, os questionamentos que se apresentavam em textos poéticos a direcionaram para este ramo do conhecimento. Segundo Tessa, entre familiares, ela é conhecida como a pessoa que faz todas as perguntas - e nunca apresenta soluções. Diante de situações triviais, ela assume suas dificuldades, como se localizar no trânsito, habilidade típica dos homens. "Há coisas incompreensíveis para mim, como ruas paralelas", afirma.
Os padrões evolutivos garantiram mutações na constituição genética. No livro Sex differences in cognitive abilities (As diferenças sexuais nas habilidades cognitivas), a psicóloga Diane Halpern, da Associação de Psicologia Americana, defende a superioridade das mulheres, argumentando que muitos dos genes relacionados às atividades cerebrais estão localizados no cromossomo X - os quais elas têm duas cópias, e eles apenas uma.
É justamente no cromossomo X que está a grande diferença no DNA dos gêmeos Camila e Roberto Rodrigues, 26 anos, que foram criados da mesma forma e receberam estímulos semelhantes desde a infância. Ela tem a inteligência intrapessoal mais desenvolvida. A arquiteta Camila conta que, quando sofre um revés, reage de pronto. O irmão, por sua vez, demora para maturar uma atitude positiva em relação ao futuro. "Ele é mais indeciso, mais pessimista nessas horas e só pega no tranco", diz ela.
A arquiteta é capaz de passar horas ouvindo e aconselhando amigas, características da inteligência interpessoal. Já Roberto, professor de educação física, diz não ter paciência. "A Camila é extrovertida e faz amizade rapidamente.
Eu sou retraído e não tenho paciência para dar conselhos", afirma ele. "As mulheres são mais atentas às pessoas, os homens às coisas", explica o psicólogo evolucionista David Geary, que pesquisa a evolução das diferenças entre os sexos. Segundo ele, a partir dos seis meses, as meninas percebem sinais de aflição nos outros, identificam sons variados, gestos e sinais de perigo. Os meninos são mais indiferentes às pessoas, com atenção para objetos luminosos e de formas inusitadas.
No livro The essencial difference (A diferença essencial), o psiquiatra Simon Baron-Cohen afirma que o cérebro feminino desenvolveu maior habilidade para a empatia do que o masculino. As mulheres têm uma capacidade mais aguçada para identificar as emoções e sentimentos dos outros, prever ações e responder a elas com a emoção apropriada. Nelas, os circuitos ligados à audição e à linguagem têm 11% mais neurônios do que nos homens. A estrutura relacionada à emoção e à formação da memória também é maior.
Estudos recentes sugerem que a inteligência está relacionada à trajetória da informação pelo cérebro. Os neurocientistas Richard Haier, da Universidade da Califórnia, e Rex Jung, da Universidade do Novo México, revelam que algumas das áreas do cérebro relativas à inteligência são as mesmas da atenção, da memória e das funções da linguagem - zonas mais desenvolvidas nas mulheres.
A capacidade de executar com facilidade tarefas variadas ocorre porque o cérebro da mulher é 10% menor do que o dos homens. O espaço comprimido favorece um número maior de sinapses - 30% a mais do que eles. Elas também detêm um equipamento sensorial mais desenvolvido e uma habilidade maior para captar sinais não verbais. Além disso, as conexões cerebrais das mulheres ocorrem entre os dois hemisférios.
Após análise de 137 mil provas de 22 mil universitários do Rio de Janeiro, a média das notas das mulheres foi 3%superior à dos homens
Nos homens, a atividade é mais intensa no lado esquerdo. "O cérebro deles é mais focado e adaptado para realizar uma tarefa de cada vez", afirma o neurologista Roger Gorski.
A estrutura da inteligência entre homens e mulheres não é rígida. Sofre alterações com as influências do meio, dos estímulos externos e da constituição cerebral do próprio indivíduo, que pode ter o tipo cerebral do sexo oposto. No livro Como as mulheres pensam, a neuropsiquiatra Louann Brizendine afirma que cerca de 20% dos homens têm cérebros estruturados de modo feminino e 10% delas têm cérebros masculinizados.
Quando se fala na superioridade da inteligência das mulheres, não é raro que os homens questionem a representação minoritária delas em cargos de chefia, na elite da comunidade científica e como homenageadas em prêmios das diversas áreas. Além do machismo histórico da sociedade, a opção pela família e pela maternidade é um fator decisivo.
Ao se tornar mãe, é comum a mulher tirar o pé do acelerador quando está em jogo a competitividade necessária para chegar ao topo. "Quando as mulheres desenvolverem maior autoconfiança e perceberem que a família não exclui a luta pelo sucesso, elas vão dominar o mundo", aposta José Abrantes. O instrumental elas já possuem.
As aptidões de cada um.
Existem 12 tipos de inteligência segundo classificação do neurologista Houward Gardner, da Universidade de Boston, pioneiro no estudo de habilidades múltiplas.
NO QUE ELES SÃO MELHORES:
Matemática - calcular, quantificar e discernir padrões lógicos numa cadeia de raciocínio. Habilidades de pessoas que gostam de palavras cruzadas, xadrez e gamão.
Espacial - perceber o tridimensional, entender mapas, gráficos e se localizar no espaço. Engenheiros, fotógrafos e pilotos têm este tipo de inteligência bem desenvolvido.
Cinestésico - Manipular objetos e utilzar a destreza nos movimentos articulados do corpo,. Aptidão de atletas, dançarinos, artesãos, coreógrafos e mímicos.
NO QUE ELAS SÃO MELHORES:
Pictórica - Expressar-se pelo traço e conferir movimento através do desenho e da pintura. É típica de caricaturistas e desenhistas publicitários.
Musical - compor, entoar, dar melodia, rítmo e tom. Captar e identificar sons variados. Compositores e cantores são os maiores expoentes.
Interpessoal - compreender, interagir com com os outros e apostar em relacionamentos. Assitentes sociais, líderes sindicais e atores têm facilidade nessa área.
Linguística - processar mensagens com rapidez e dar sentido a tudo que é dito ou escrito. É própria de líderes políticos, religiosos, poetas e jornalistas.
Intrapessoal - autoconhecimento e noção dos limites, pensamentos e sentimentos.
Naturalista - observar padrões da natureza e sentir o prazer no sitema externo ao humano. Pacifistas, paisagistas, fazendeiros e veterinários têm essas características.
Emocional - reconhecer, aceitar e expressar as emoções com tranquilidade e equilíbrio. Está relacionada à autoconsciência, motivação e relacionamento social.
Existencial - articular questionamentos éticos, filosóficos, religiosos e imaterias. Filósofos, cientistas e sacerdotes detêm essas habilidades.
Social - captar sinais não verbais e equilibrar competição com qualidade de vida.
Artigo de Carina Rabelo e Rodrigo Cardoso, publicado no Revista Istoé -ed.2061, mai/2009. Eu já havia publicado uma reportagem da Revista Superinteressante sobre o tema.


segunda-feira, 20 de abril de 2009

Como chamar-te para mim?

Sabes,
não sei mais,
como chamar-te para mim?
Se adiantasse...
iria gritar,
chorar,
derrubar um livro,
no teu caminho
(mas sabes - não gosto de lugar comum)!
Quem sabe,
uma pluma
sobre você,
como uma carícia...
Se adiantasse...
iria sorrir,
chorar,
derrubar uma lágrima,
na tua pele,
ou um beijo
na tua face,
feito criança...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Era uma vez...

Era uma vez uma ilha, onde moravam os sentimentos: a alegria, a tristeza, a vaidade, o amor, a sabedoria,...e todos os outros. Tudo corria muito bem, até que alguém avisou que a ilha seria inundada.
O amor apavorado, preocupou-se com o salvamento de todos os moradores, avisando-os para que fugissem.
Todos correram, pegaram seus barquinhos e foram em busca de um lugar seguro, mas o Amor esqueceu que ele também tinha que fugir, empenhado que estava em avisar aos outros.
Quando percebeu, quase era tarde demais, e pediu carona a um barco que vinha passando. Nele estava a riqueza, que disse não poder levá-lo, pois seu barco estava repleto de ouro e prata e não havia lugar para o Amor.
Nisso passou o barco da vaidade e o amor, gritou:
- Por favor, leve-me com você!
- Não posso, respondeu a vaidade, pois você pode sujar meu barco.
Logo atrás, vinha o barco da tristeza e o Amor tornou a pedir:
- Tristeza, leve-me com você!
- Ah, amor, eu estou tão triste, que prefiro ir sozinha.
Então, passou o barco da alegria. Mas, estava tão alegre, que nem viu o amor já desesperado, e este, achando que ficaria só começou a chorar. Então, passou um barquinho bem pequenino, com um velhinho que parou e disse:
- Suba, amor, que eu levo você!
De tão feliz, o amor esqueceu de perguntar o nome do velhinho. Quando chegou em terra firme, encontrou com a sabedoria e perguntou:
- Sabes, quem era o velhinho que trouxe-me até aqui?
Ao que ela respondeu:
- Sim, era o tempo.
- O tempo? Mas porque o tempo preocupou-se comigo? Foi o único que parou sem meu pedido e trouxe-me até aqui?
- Ora, porque só o tempo, é capaz de ajudar e entender um grande Amor.

Esta estorinha, me foi contada por meu avô, Maximiliano, quando eu tinha em torno de oito anos. Meu avô, era uma pessoa muito especial, senti muito sua partida, como a de meu pai (seu filho). Dias atrás lembrei-me sem mais nem menos dela e, achei importante registrá-la, para meu filho e, para todos que entenderam a beleza implícita, em uma estorinha contada para distrair uma criança.

E agora?...

O pensamento voou,
sentou na árvore da saudade e,
com carinho, sacudiu o galho e,
caiu pedaços de vida!
Vida...vida...vida...
Foi a tempo, muito tempo,
em que a árvore era clara,
o rio era limpo,
e tinha vida, muita vida.

O caminhar era clamo,
ninguém vinha atrás,
ninguém ia na frente.
A gente ia junto...
passou um dia,
depois outro,
depois o outro e,
você andou para o lado.
Foi afastando-se de mim e,
eu fui ficando só.

Veio a chuva,
veio o inverno,
o frio,
a noite,
o esquecimento,
o sono;
e então,
a árvore secou!

As folhas caíram!
Morte...morte...morte...
O rio ficou sujo,
a água escura e,
o andar era caótico,
vinha muita gente atrás!
Não se podia andar calmo e,
eu me perdi de você!
Onde está você?
Onde está você, meu amado?

segunda-feira, 16 de março de 2009

Divagações!

Divago,
nas palavras não ditas,
nas mal-ditas e benditas;
que vieram de ti...
Divago,
nas palavras encontradas,
perdidas ou colhidas;
por aí...
Divago,
nos sonhos incontidos,
contidos,
e nos tolhidos por ti...
Divago,
no oceano nunca navegado,
em que te transformastes...
Divago,
nas carícias nunca trocadas,
entre eu e tu...
Divago,
nos poemas trocados,
e cheios de nós...
Divago,
em teu Porto, que não é seguro,
e é só teu e não; meu...



"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Porque amar senão amar? - Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
"
Fernando Pessoa

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Despertar.

Ao despertar, amor,
me desespero;
lastimo não poder
fazê-lo com teus beijos.
Abro as janelas,
chega teu perfume e,
tua lembrança
olho a cama vazia.
Distribuo uns beijos
sobre tua fotografia;
recito teu nome,
ouço tua voz e
vejo teu sorriso feliz,
ao me desejar bom dia.
Porque terminar
com este sonho?
Dou meia volta e
sigo sonhando.