domingo, 9 de agosto de 2009

Para meu Pai!

Como eu queria
ligar-te hoje,
para desejar-te:
um Feliz Dia dos Pais!
Fazem cinco anos,
que esta data para mim,
perdeu o sentido e,
penso em quantas vezes,
não disse o quanto te amava,
o quanto te admirava,
o quanto eras importante para mim!
Penso,
em quanto tempo levei,
para aceitar
tua ausência...
Para assimilar
que já não era a criança,
que corria para teu abraço quando:
- "as coisas davam errado";
- quando sentia solidão;
- quando perdia o chão...
E, na tua simplicidade,
entendias tudo isso,
sem que nenhuma palavra fosse dita!
Fostes um sábio,
quando no silêncio, muitas vezes,
me dava o melhor conselho!
Foste o Pai,
no sentido mais pleno,
que alguém poderia ter!
Senti o momento da tua partida,
mesmo estando longe,
mas não a aceitei...
Não derramei uma lágrima,
na despedida derradeira;
pois se eu chorasse,
estaria admitindo a perda...
e eu não queria nenhuma despedida!
Revoltei-me!
Queria-te eterno,
afinal, eras meu Pai!
Queria ter vivido mais tempo,
contando com tua presença,
com teu alento,
com a palavra silenciosa,
que respeitava a dor,
com teu jeito puro,
que amava muito,
sem pedir em troca!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nossos Velhos.

Pais heróis e mães heroínas do lar. Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos.Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada.
O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra? Envelheceram.... Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso.Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam.Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu.
Estão com manchas na pele.
Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.
Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados e alguns chegam a gritar se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história que contam como se acabassem de tê-la vivido.
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi.
Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.
Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegrias.Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós? Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febres!!
E nós ficamos irritados quando eles esquecem de tomar seus remédios, e ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros...
Ainda mais quando os outros são nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar e sabíamos que estariam com seus braços abertos, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
Façamos por eles hoje o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã quando eles já não estiverem mais aqui conosco possamos lembrar deles com carinho, de seus sorrisos de alegria e não das lágrimas de tristeza que eles tenham derramado por nossa causa.
Afinal, nossos heróis de ontem...serão nossos heróis eternamente ...

Este texto é de Martha Medeiros, e considero uma bela homenagem ao "Dia dos Pais", pois sabemos que temos muitas mães (que acumulam os papéis - são Pães). Com meu abraço aos homens e mulheres que cumprem com seu papel em todos os dias do ano e não somente no "Dia dos Pais e das Mães".

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sinto vergonha de mim!

Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".


O poema de Rui Barbosa, acima transcrito, é de uma impressionante atualidade.
Poderia ter sido escrito hoje sem mudar uma palavra...